quinta-feira, 11 de junho de 2009

Barcelona e o choque (Dia 7 - 20.maio)

Quando saí de Lisboa, no dia 20 de maio, não imaginei o que estaria por vir.
Comprei a passagem numa dessas companhias aéreas low-cost, bem comuns na Europa. É como se fosse aquelas promoções de 50 reais para qualquer lugar da Gol, sendo que é como uma promoção eterna. Devo ressaltar que nunca consegui um voo desses da Gol, e no caso de Lisboa-Barcelona, não foi diferente. Não arranjei aquelas famosas de 1 euro, mas foi mais barato e mais rápido que ir de trem.

Em Lisboa ainda, reservei um albergue que me pareceu mais ou menos, era só para passar os 2 primeiros dias mesmo, todos os hostels em Barcelona estavam tomados, não tinha vaga pros dias que eu precisava e eu não percebi o que isso poderia significar. Só entendi chegando lá.

Desço na Plaza Catalunya, um ponto central de Barça, de onde se vai para todos os lugares e onde começa a famosa Rambla. Pois o grande calçadão era uma maluquice de gente pra todo lado, tava meio quente e tinha quase tanta gente por metro quadrado que uma micareta.

Queria deixar as coisas no hostel e ligar correndo para os 3 amigos que tenho morando lá: Jair, Gisele e Gerytsa. Foi o que fiz, e conversa vai, conversa vem, o que TODOS falaram foi: "Ah, voce tá na Carrer del Hospital? Olha, toma cuidado, essa uma rua que você não poderia ficar, tem muito paquistanes, indiano, putas, drogas e roquenrol, eles roubam mesmo, eu já fui assaltada, conheço um monte de gente que já foi assaltada, isso aqui está assim agora, mas tudo bem, você é de São Paulo, ah é, não, é só não andar com a bolsa aberta e tal, eles só pegam turista-otário mesmo ".

Eu pensei: "Peraí: quem anda com a bolsa aberta? Eu sou turista-otário? Por que eles estão me falando isso se eu não sou turista-otário e não ando marcando bobeira nem em retiro budista? Caraças, vou ter que redobrar a atenção".

A questão é que a partir daí, o que estava meio ruim comecou a ficar pior. Explico: além dessa suposta "violência" ("sim, porque te assaltam, mas não com armas, ninguém vai te matar"), o hostel que peguei no bairro do Raval era horrível pra quem vinha do de Lisboa (descobri depois que os da capital portuguesa são conhecidos como os melhores da Europa. No meu, até lavavam nossas roupas DE GRAÇA, por exemplo).

Parecia um presídio, sério. Não era um Carandiru, era uma carceragem mais ou menos. O quarto só tinha uma janelinha que dava para um muro e era tudo cinza e tinha um monte de adolescente falando inglês-italiano-alemão vomitando-gritando-correndo. Nada parecido com o que tinha passado em Lisboa. Nada.




LISBOA: no alto, o janelão ao lado da minha cama;
acima, a sala comum





BARCELONA: no alto, a janelinha da cadeia;
acima, um dos vários corredores estranhos
dos 4 andares (acho) da prisão


Saí pra passear, cansada (tinha acordado às 5 da manhã em Lisboa e era lá pelas 13h), eu já não conseguia mais ver nada como passeio, com a paranoia da mochila, fazendo cara de mau pra qualquer coitado da Ásia que olhasse pra mim. Mas ainda assim, lá me pus a andar, precisava ver a cidade que tanto tempo esperei para ver.

Comecei pelo Barrí Gótic, uma sucessão de ruelas minúsculas, um labirintinho gótico. Lindo. Meio aflitivo depois dos relatos sobre os paquis e o que ocorre nas ruelas, eu ainda não sabia que ali é o outro lado da Rambla e não é como o Raval. Depois de me perder seguidamente pelo labirinto, caí na rua da catedral de Barcelona, e de cara paguei os 5 euros de entrada (aqui em BCN consegui usar a carteirada em poucos lugares). Fiquei meio revoltada porque não achei nada de mais (tinha visto muita igreja em Lisboa) e comecei a me irritar com a cidade.


E ela ainda estava em obras!

Dali, fui comprar um chip pro meu celular pra ficar conectada com os amigos, e minha amiga Gi, da época da faculdade, que estava de 9 meses, foi me encontrar na frente do Palau de la Musica Catalana, onde comi minha primeira paella.


Gi com Alícia na barriga, e eu com a paella

Dali, saímos caminhando (estava programado para a Alícia chegar no dia 19, estávamos no dia 20) e conheci vários cantos legais. A cidade é pequena pra quem mora em São Paulo, e em pouco tempo, tínhamos percorrido um tanto de coisas, até que chegamos na praia, onde estavam Jair e Palena, hospedados na Barceloneta.

Nos encontramos também, nos despedimos de Gi e fomos andar, parando de vez em quando em hotéis, albergues, pensões e afins para ver se achava um lugar melhor pra ficar. Tudo lotado, ou caro, ou tão ruim quanto. Então, fomos tomar umas cañas (chopp) e comer! Batatas bravas, um prato típico catalão (são batatas com um molho BEM forte de páprica, adooooro!)


Um enquadramento esquisito d'a gente feliz no Born


Patatas bravas _e boas!

No fim, eles foram me deixar na rua dos assaltos e o Jair me disse que nem era tão mal assim, ele achou que fosse em outra parte. Mas naquela altura eu já tava influenciada.

Um artiguinho sobre o Raval, que passei a gostar depois de uns dias.

Um comentário:

Beatriz Antunes disse...

Ai, que bom que isso aqui voltou a funcionar. Só uma coisa: você estava sozinha com a Gi e de repente o relato ficou no plural. Quem estava com você era o Jair e a mulher dele? Mas onde vcs se encontraram? Não entendi bem a partir daí...